segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eternamente Amor

O ar estava levemente úmido e enchia os pulmões de uma energia tão pura e vital para o corpo. Esse clima aveludado, casava perfeitamente com a claridade que antecedia o nascer do sol, juntamente com o frescor do oxigênio que animava os traços verdes da paisagem, bem como fertilizava suas cores com um orvalho cristalino.As ruas no aguardo de alguns movimentos – ficavam, porém na aurora, a vida tinha os braços estendidos e o corpo pousado sobre o ninho. Tão belo estava o começo do dia; tão viçoso – era o clima especial para o nascer de grandes romances. O dia conspirava a favor...Para que aflorasse do ventre mundano, amores que fossem para recordar por toda uma vida.
Nenhum aceno a distância; nenhuma respiração sentida. Os movimentos se mantinham em seus lares, estirados sobre suas camas, e, os lábios entreabertos na quieta expectativa de um ósculo; de um contato afetivo que produzisse uma leve sucção, na esperança por um despertar com sabor de beijo.No entanto, lá fora ainda reinava uma harmonia que era perfeita: os cantos dos pássaros eram como uma orquestra bem regida por um maestro...
E um bocejo quebrava o silêncio da manhã, anunciando o despertar de um corpo suavizado ao colchão, que ao precipitar-se em sentido a uma janela retangular, que fazia moldura do céu repleto de cirros, ao mesmo tempo recebia raios caloroso que o sol com muito gosto jorrava em seu interior, rasando escuro adentro.Os olhos finalmente ganhavam vida, ao passo que admiravam o belo raiar...
Eros era o nome desse homem, cujo destino lhe reservava grandes acontecimentos, que no passar dos dias provaria de forma bem intensa as sensações que a vida segredava a ele. Fora para o banho – então, pois daria um passeio pela orla do arpoador, a fim de refletir um pouco – pensar sobre o que tinha vivido há um certo tempo atrás e também, sobre o que faria dali pra frente. Não demorou muito para se arrumar, logo já estava descendo de seu apartamento, que ficava no oitavo andar e numa rua de nome Bartolomeu Mitre. Caminhando pela praia em direção a Pedra, renascia em sua mente a lembrança de um amor que ficou afixado na alma feito tatuagem. Esses pensamentos eram como um filme reprisado – uma repetição que acontecia de forma quase continua. Não o largava, por mais que se esforçasse por isso. Mas já estava tão vivo dentro dele, que não tinha outra opção, senão aceitar a condição de viver com aquilo pelo resto de sua vida.Ele se aproximava daquela pedra, que embelezava aquele mar. E já a caminho de subi-la, parou por um momento e fez uma pergunta pra si mesmo – internamente: Por que vale a pena viver? – Ele se perguntava. Refletiu um pouco antes de tornar a subir. Mas se conteve a uma resposta, porque nem mesmo ele sabia o que dizer. Então continuou a subir, até que por fim chegou ao topo e sentou-se próximo a beira para que pudesse ter uma visão mais ampla. Sentado ali e de pernas cruzadas, começou a conversar no silêncio da sua mente; e as lembranças começavam a surgir, até que uma lágrima caiu...
Foram lembrança tão profundas; uma reprise do que foi nada, dentro dos “nadas” que havia. Levantou-se suavemente e já de pé se aproximou um pouco mais da caída da pedra. Não mais que isso. O sol denunciava dez horas da manhã, isso porque o calor ali começava a ficar mais intenso. De toda a extensão desse mar, em especial morava essa pedra ao canto da praia - o simbolo do Arpoador.
Eros era um homem essencialmente romântico – sua alma era romântica e possuía uma inteligência sentimental impressionante. Sob o céu desse oceano, ele ficava a pensar...Lembrar do que viveu naqueles braços delicados, sobretudo nas sensações que aquele corpo e aqueles lábios lhe proporcionaram. Mas houve muito mais que isso; muito mais que carne e desejo. Foram momentos que o tempo jamais apagaria. Um sentimento que não só subjugou o lado físico, mas que também atingira a alma com todo seu esplendor.E sobre o efeito nostalgico da saudade latente, Eros por alguns instantes, dispersava os braços no ar, como se fosse abraçar aquela imensidão de oceano. E os seus olhos se fechavam tão devagar, ao passo que os ventos o beijavam em silêncio. E, em lenta queda deixava o pescoço inclinar-se para trás. Ele teve a experiência de atingir o ponto máximo do pensamento. Fez uma viagem emocional, de modo que sua mente o conduziu a um estado de espírito superior, causando sensações que até ele mesmo não imaginava poder sentir. Porém foi apenas a saudade de um tempo que não voltará mais...

"...O tempo passou, e com isso pude ter a certeza íntima de que era o maior amante que já existiu. Eu amei tão profundamente o amor com aquela mulher; tão mais do que a mim mesmo. Tal era a intensidade que havia em cada gesto; em cada toque, cada olhar. Eu amei; eu gostei daquele universo feminino, que me inspirava um extremo desejo e ao mesmo tempo um respeito que ia além; muito além das coisas mundanas. Ela não podia reclamar de que não fora feliz comigo – mesmo que por um curto prazo, pois foi desejada como nunca tinha sido antes por qualquer outro homem que já existira em sua vida. Hoje me vejo em outros horizontes e a minha alma, ainda é a mesma de antes. Seguirei amando até o fim, até encontrar o que me faça ver o que antes eu não via..."

Um comentário:

  1. saudades são boas, mas perder-se nelas é desperdiçar o tempo que pode trazer algo novo hoje......

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